terça-feira, 21 de junho de 2011

Ensinando a Tabuar

- 1 mais 1?

- 2!

- 2 mais 2?

- 4!

- 4 mais 4?

- 16!

- 16 mais 16?

- 32!

- 32 mais 32?

- Erh... 64! Não! 65!

- 65?

- Não não, 64, 64!

- 64 mais 64?

- Erh... Erh...

- 64 MAIS 64!

- Peraí! Eeerh... Eeerh...

- SESSENTA E QUATRO MAIS SESSENTA E QUATRO!

- Calma mãe, deixa eu pensar!

- Deixa eu pensar um caralho! Na hora em que um bandido tiver apontando uma arma pra você, ele vai lhe deixar pensar? Na hooora em que tiver fazendo a prova do vestibular e estiverem faltando 15 minutos pra você responder 30 questões, o fiscal vai deixar você pensar? NA HOOOORA em que você tiver fazendo um parto normal de uma menina de 16 anos e a cabeça do infeliz do menino ficar entalada na buceta da mãe dele, a mãe dele vai deixar você pensar? Vai nãao! Vai NADA! Vai atirar na sua cabeça, vai tomar a prova da sua mão e vai cuspir a porra do menino na sua cara! Porque bandido na hora de pegar dinheiro pra fumar crack atira em quem tiver qualquer 10 reais pra uma pedra só, fiscal quer mesmo é que você se foda e mulher quando tá parindo faz mais força que prisão de ventre! Então senta nessa porra dessa cadeira e vai estudar! Cabra safado!
...

- Mãe?

- O que é?!

- Dá 128.

- Muito bem, meu filho. Muito bem.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Sniper

1a Twitstória:

1 - E lá estava ela, linda. De vestido longo, de renda, branco. Dava pra sentir na pele a alegria que sentia quando dançava.
2 - Triste fim praquela garota. Dançava bem, fato. Mas devagar demais pra ser difícil acertá-la na cabeça. Como sempre, foi um tiro só.
3 - É fácil acertar quando em plongeé. Difícil mesmo é quando tem que ser de noite. Mesmo escuro, preciso chegar perto, e fico vulnerável.
4 - Conto nos dedos de uma mão só os milhões que ganhei com o meu trabalho. Depois dou um tempo e gasto tudo com orgias e drogas.
5 - Seis dias sem dormir a base de sexo e cocaína. Cinquenta mil gastos em uma semana. Dez pessoas trancadas, num quarto de Motel. 6 dias.
6 - Preciso parar. Como não posso ser reconhecido, são poucos os países que me faltam visitar e nunca mais voltar. A não ser a trabalho.
7 - Enfim, voltando para Sofia. Sofia estava linda no seu último suspiro de vida. Das que você até pensa em desistir de matar. Leve suspiro.
8 - Dá pra imaginar? Estava até perdendo o foco por causa de Sofia. Mas nada que me desconcentrasse. Tinha trabalho a fazer. E fiz.
9 - Senti o molhado do sangue, somente. Doer não doeu. Um filho-da-puta estava no prédio vizinho me esperando abrir a guarda. Filho-da-puta.
10 - Me acertou por sorte, o amador. Azar pra ele que não foi na cabeça. Azar pra mim que foi no peito. Atirei nele antes de morrer, claro.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Admirável Infância

- Boa noite, pai!

- Boa noite, filhão! Como foi a escola hoje?

- Foi boa.

- Como é que está a Matemática?

- Tá boa, pai.

- E História, tem estudado?

- Humrum.

- Que bom, que bom. Mas me conta aí, filhão, como está a sua quarta série!

- Tá boa, pai.

- E os seus colegas? São legais?

- São sim. Alguns eu não gosto muito porque ficam zombando porque eu sou pequeno. Mas eu não me emporto.

- É importo.

- Importo o que?

- Se diz importo, e não emporto.

- Ah...

- Mas filho, não deixe que esses garotos lhe incomodem. Dê um chute na canela deles, ou bata na cara de todos.

- Pai, eu nem curto isso. Prefiro ficar na minha.

- Ficar aonde?

- Ficar na minha, sem se emportar.

- Importar.

- É, isso ai.

- Mas me diz, garoto, como estão as coleguinhas da sua sala? Todas gatinhas?

- Que nada, são todas muito chatas.

- Haha! Claro. Isso é normal. Mas daqui a pouco você vai ver que elas são bem divertidas.

- E é? Bom, eu prefiro as da sexta série. Quinta, no mínimo.

- Ah... Ah, é? Nossa, os tempos mudaram então. Bom, mas já que nessa idade já prefere as mais velhas, como elas estão?

- Elas tão por aí, ué.

- E a festa do fim de semana foi boa?

- Foi.

- Muita gatinha?

- Sim. Tirei umas fotos aqui. Quer ver?

- Nossa, quero sim!

(...)

- Tá aqui. Essa foto aqui eu tô com a aniversariante.

- Nossa. Parece bem mais velha que você. Quantos anos ela tem, 14?

- 10.

- Essas garotas tão crescendo rápido. Impressionante.

- Essa aqui eu peguei na festa.

- Vocês se Pegaram?! HÁ! Esse é meu garoooto! Aprendeu com o pai, não foi, garanhão?

- Erh, acho que sim.

- Mas me conta! Como foi, diz aí!

- Ora, foi e pronto. Num tem o que explicar não, pai.

- Tudo bem, tá guardando a estratégia não é? Sei bem como é. E você está certo! Num pode dar mole mesmo nããão! Tá, me mostra mais foto da festa!

- Essa aqui quem pegou foi João Carlos.

- Ele se arrumou também, foi? Haha! Aí tá certo.

- Essa daqui quem pegou foi João Victor.

- E todo mundo se pega nessa festa, é?

- Não, não. tem uns babacas que só sabem ficar bebendo.

- Bebendo?!

- Coca-Cola, pai.

- Ah. E essa aqui? É a mãe da aniversariante?

- É da minha sala.

- Ah... Tudo bem, fotos enganam mesmo. Mas não vai me dizer que ESSA é da sua sala?

- Não, essa é Joana.

- Gatinha ela.

- Pois é.

- Não ficou com ninguém não?

- Ficou sim.

- Com quem?

- Com quem ou com quantos?

- Quantos?

- É, acho que ela ficou com três lá da sala. Ela é da sexta, pai.

- Ah, é da sexta. Então tudo bem?

- É. Se é da sexta, tudo bem.

- Hum. Mas me conta, só teve garota da sexta nessa festa?

- Não, a maioria era lá da sala.

- E não tem nenhuma gatinha na tua sala não?

- Tem sim.

- Me mostra aí.

(...)

- É essa?

- É.

- Nossa, que gata.

- É. Mas num presta não.

- Por quê?

- Porque ela é puta.

- Puta?!

- É. Já ficou com um monte já.

- Nossa, que mundo avançado. No meu tempo não tinha tanto disso assim não.

(...)

- Pai, quando você era da minha idade, como era na escola?

- Ah, comigo era tudo de bom! As garotas vinham pra cima de mim quando me viam. Eu era muito sarado, rapaz. Essa barriga daqui não passava nem perto.

- Mas por que é então que a mãe fala que se não fosse pelo carro da gente, ela tinha arrumado outro gordo?

- Como é? Ela... Isso é inveja, meu filho. Ela sabe que isso aqui é porque eu já aproveitei muito minha vida.

- Meus amigos a acham gostosa.

- A sua mãe?

- É.

- E você deixa eles falarem isso dela?

- Eu também acho.

- Garoto! Suba já pro quarto! Ora, que desaforo!

- Mas...

- Sem "mas"! E não saia de lá sem aprender a me respeitar!

- Eu nem falei de você. Eu disse que a Mamãããe era gostosa. Não você.

- Suba já pro quarto! E vou falar pra sua mãe parar de amamentá-lo! Isso já está passando dos limites!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Mau humor

- Alfredo!

- Rogério!

- O voo atrasou, heim... Ficou com medo?

- Que nada. Voar pra mim é um grande prazer.

- Você é um dos poucos. Voar pra mim é um tormento.

- Que nada, rapaz, isso é bobagem.

- Mas me conta, como foi a viagem de volta!

- Ah, foi ótima! Bastante tranquila, dormi muito.

- Conseguiu dormir? Naquela poltrona desconfortável?

- Ora, nem era tão desconfortável assim. A minha até inclinava.

- Uns 4 graus, no máximo, não é? Ora, todo mundo sabe que poltrona de avião é superdesconfortável. Dormir é um tormento: você vira pra lá, vira pra cá, e quando consegue dar um cochilozinho, chega a quenga da aeromoça oferecendo barras de cereal!

- Ora, rapaz, não fale assim das aeromoças! As minhas mesmo eram belíssimas e muito educadas.

- Ah, claro. Sempre com o famoso "Aceita uma barra, senhor?" ou um "Refrigerante ou suco, senhor?". Ah, eu não tenho paciência para essas coisas.

- Nossa, que mau humor. Eu mal cheguei e sou recebido assim. Rogério, vamos conversar sobre coisas felizes. Coisas boas! Me conte da sua vida.

- Ah, minha vida está horrível. Meu chefe me pegou comendo a secretária dele, que por sinal ele comia também, e me demitiu. Chegando em casa descobri que minha mulher me corneou, eu bati nela e levei um processo. Minha filha está grávida de dois meses e o filho-da-puta do marido dela é o meu chefe. Meu filho é um vagabundo maconheiro que acabou de reprovar de novo a 8a série. E Alexandre agora virou Alexia.

- Meu Deus. Agora sei o motivo do mau humor.

- E nem venha você me falando Dele. Comprei uma água que o danado abençoou, passei QUINZE dias com desinteria! E sem um puto no bolso. Benção cara do inferno.

- Nossa Senhora! E o que será da sua vida agora? Você perdeu tudo o que tinha!

- Ah, que nada. Estou agora morando na casa de mamãe. Já me minha mulher ganhou a causa, a casa e o nosso Uno, tô com mamãe no apêzinho dela.

- Mas, e agora? Está procurando emprego, então?

- Que nada! A aposentadoria de mamãe é bem gorda. E eu vou começar a fazer téatro.

- Nossa. Vai ser ator, agora, é?

- É. Vai ver que é por aí que eu perdi os meus dons. Por sinal, tô indo pro rio, soube de um teste pra malhação. Vou me jogar.

- Ah, é? Então, tá, se joga.

- Se Joga, bixa.

- O quê?

- Foi o que o meu professor de teatro falou. Vocabulário novo, ainda tô aprendendo.

- Ah, tá. (..) Bom, Tô into prum barzinho ali.

- Eu pago o chopp.

- Tudo bem, vamos então.

- Eita, esqueci a carteira.

- Ok, eu pago o chopp.

domingo, 16 de maio de 2010

Coffee Break

- Porra, esqueci de entregar o relatório pro chefe.

- Én o quên, amor?

- Han? Nada, amor, não pára não.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Tá livre.

- Tá livre.

- O quê?

- O caixa.

- Ah, aquele ali? Não, eu só vou consultar saldo, ali não faz. Pode ir.

- Não, eu também só vou consultar. Sabe como é, dinheiro hoje tá difícil. Tudo é na ponta do lápis.

- Eu sei como é. Tá difícil também pra mim. Agora então, que o meu neto tá crescendo. Filho da minha filha.

- Ah é? Parabéns! Quantos anos?

- 14.

- 14, é? Que bom! Um netinho de 14 é uma ótima fase.

- Não, não, é a minha filha que tem 14.

- Ah. (...) Quantos meses tem o bebê?

- 1 ano.

- Um ano é uma ótima fase.

- Também acho. Espero que esse inferno termine logo.

- Inferno?

- É. Já me enchi do meu genro lá em casa. Agora não tenho mais sofá pela manhã.

- Por quê?

- Ele dorme até mais tarde. Vagabundo.

- Ah.

- Eles moram com vocês?

- Sim. Desde que Waltdisney nasceu.

- Walt Disney?

- É.

- O seu neto?

- Sim. E não me culpe pelo nome. Foi minha mulher que colocou. Aquela maluca.

- Ah. Tudo bem, temos tanto nome hoje em dia, que é difícil escolher um.

- Mas Waltdisney é foda.

- É. É foda.

- Tá livre.

- O quê?

- O caixa.

- Ah, claro. Então, foi um prazer.

- O prazer foi meu.

- E dê lembranças à sua família.

- Lembranças?

- Não, quer dizer... Parabéns pela sua família.

- Não diria o mesmo.

- Bem, meus pêsames então.

- Obrigado.

- Até a próxima.

- Até.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Futuro do Presente... ou Presente do Futuro?

- Boa noite.

- Boa noite. (o motorista ri. Muito. O carro, com música alta. Uma névoa chega repentina)

- Habilitação e documento do veículo, por favor.

- Tá. (desliga o som. Os passageiros reclamam) Calma, galera, calma. Peraê que tá no porta-luvas. E ele tá lotado de planta. (ri. Os outros no carro riem mais alto)

- Planta? O senhor está guardando plantas no porta-luvas?

- É. Improvisei uma estufa. (encontra os documentos) Tá aqui, seu guarda.(ri, mas tentando prender o riso)

- Hum. (analisa os documentos) Senhor, por acaso o senhor ingeriu alguma bebida de conteúdo alcoólico?

- Álcool? (dá uma gargalhada) Não, de jeito nenhum.

- Tem certeza? Nenhum tipo de bebida alcoólica?

- Sou ecológico e naturalista. Você sabe quantos hectares de floresta são derrubados pra plantar cana? (quase que debocha do guarda)

- Senhor, por favor, queira me acompanhar.

- Pois não. (ele o acompanha. Os outros no carro lhe incentivam, rindo)

- Sabe usar o bafômetro? Já usou alguma vez?

- Dá lombra?

- Perdão?

- Não, nunca usei não. Mas tudo se tem uma primeira vez, não é mesmo? (risada amigável)

- Então vou lhe ensinar. Está vendo esse bocal branco?

- Hum. (sorri com o canto de boca)

- Você deve por a boca e soprar durante 5 segundos.

- Soprar? Nunca vi um bagulho pra sobrar. Normalmente eu puxo. (volta a gargalhar)

- Esse é pra soprar. Senhor, tem certeza que o senhor não ingeriu nenhuma bebida alcoólica?

- Tenho, sim senhor. (com convicção, rindo)

- Então pode soprar.

- Epa! Nêgo-bom tem álcool?

- Como?

- Nêgo-bom, nêgo-bom. Num tem uns bombons que acusam nessa parada aí, não é?

- Isso é mito. É preciso de 3 tacinhas de licor, por exemplo, pra acusar.

- Ah, tá certo.

- Pode soprar, senhor.

- Esse bagulho aí só apita com álcool, não é, Dotô?

- Sim senhor. Sopre, por favor.

- E como é a lombra desse bagulho aí, como é... bafômetro?

- Não é lombra, senhor. Você sopra e ele apita.

- Em vez de puxar, a gente sopra. Em vez de dar lombra, ele apita. Nunca vi bagulho tão sem graça. Ele num tá mofado não, tá? (ri muito alto. Os outros do carro também riem mais alto, apesar de não estarem ouvindo a conversa)

- Não senhor. O bocal é descartável.

(Ele assopra. teste negativo)

- Muito obrigado, senhor. Já pode ir.

- (Depois de soprar o bafômetro, sai cambaleando) Meeeeirmaao, doido. Que viagem é essa? Essa parada dá uma lombra muito forte! (ri, com entusiasmo)

- É a falta de oxigênio no cérebro, senhor. Você passou cinco segundos sem respirar.

- Falta de quê? Ah, realmente. Chega tô com falta de ar aqui.

- Já pode ir, senhor. O teste deu negativo.

- Olha, tem um pessoal dentro do carro que iam gostar disso aqui. Aê, galera, vem provar esse bagulho novo!

- Senhor, só o motorista é acionado para usar o bafômetro. Por favor, já pode ir.

- Nem a baga?

- Não, senhor. Boa noite.

- E onde é que tu arruma isso.

- Se o senhor não for embora, vou ter que lhe prender.

- Tá, mas eu posso ficar com essa parada?

- Vá embora.

- Tá bom, tá bom. Boa noite, seu guarda. (para os passageiros) Aê, galera! Que lombra é essa, mano! (Todos riem, felizes)

- Boa noite.

(o carro vai embora. A música vai diminuindo conforme se afastam. Outro guarda chega para conversar)

- Opa, capitão.

- Opa.

- E esse último aí. Limpo?

- Zero por cento. Depois que legalizaram, ninguém quer mais saber de beber.

- É foda. Malditos filhos do Reaggae. Bem, boa noite, capitão.

- Boa noite.